Depressão e Meditação
Vez ou outra, a tristeza toca a vidas de todos nós. Apesar de não ser um sentimento prazeroso, é um instrumento de alerta, que nos remete à reflexão e superação e, nesse aspecto, não pode ser considerado ruim. Já, a depressão carrega um poder de permanência e ataque, como uma doença autoimune que se retroalimenta pela falência da própria defesa e mina a possibilidade da menor sensação de alegria.
A depressão é um distúrbio do humor complexo, estado relativamente comum na sociedade moderna e, potencialmente, incapacitante, podendo causar alterações funcionais e químicas transitórias até um estado de comprometimento e cronicidade significativos. Afeta o corpo físico e mental, elencando alteração nos pensamentos e no entendimento dos fatos da vida; pode cursar com alterações cognitivas, como, perda de memória, desatenção, lentidão, incapacidade de tomar decisões, extrema irritabilidade, fadiga crônica, falta de apetite, dores generalizadas e sentimentos de culpa. As vítimas desse mal têm alterações nos neurotransmissores cerebrais envolvidos na sensação de bem-estar e podem apresentar oscilações hormonais que influem nos neurotransmissores, ou seja, nas moléculas que fazem a comunicação entre os neurônios. Dessa forma, é fácil compreender porque a depressão é duas vezes mais incidente em mulheres e, com relativa frequência, durante a gravidez e no pós-parto.
Apesar de décadas de pesquisa e publicidade sobre o problema, o sofrimento, a falta de perspectiva e suporte social e a discriminação são enfrentamentos comuns e fatores que reforçam o quadro.
Em idosos deprimidos, pesquisadores analisaram imagens do cérebro obtidas por ressonância magnética e, foi possível observar algumas mudanças anátomo-funcionais como: redução do fluxo sanguíneo no córtex pré-frontal médio, temporal, lesões subcorticais do núcleo cinzento e no giro do cíngulo, ou seja, na estrutura que faz um giro na porção medial do cérebro, muito importante para o aprendizado e processamento das emoções (Coffey et al, 1988; Figiel et al, 1991) e, por isso, disfunções cognitivas e emocionais são sinais de alerta.
Da mesma forma que podemos reconhecer o valor dos medicamentos num primeiro momento, também nos deveria ser fácil compreender de que se trata de recurso paliativo com proposta temporária, tanto por calar os sintomas, sejam eles endógenos ou exógenos, como pelos efeitos adversos, mas, sobretudo, por não apresentarem qualquer perspectiva de cura. Por exemplo, estudos constataram que depois de tratados com medicação tradicional, 50% dos pacientes continuam apresentando determinadas anormalidades no cérebro, enquanto que 30% permanecem sofrendo de depressão crônica.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, já anunciou que para 2020 espera-se que essa doença atinja números alarmantes. No entanto, as descobertas científicas abrem caminho para novas terapias e interesses que não dependem de drogas convencionais.
A Meditação, por exemplo, pode ser considerada como um ponto de partida para outras medidas, ao passo que desenvolve confiança e respeito do próprio ser, valoração do corpo como o companheiro leal, realizador de milhões de operações infinitamente complexas para manter a vida. As rotinas de exercícios, desde que sejam adequadas ao tipo de corpo-mente e às atividades diárias, passam a se sustentar naturalmente; há o auto envolvimento e auto comprometimento.
A Meditação ensina que há um permanente diálogo entre o tempo do relógio e o nosso tempo interno e, e que este sim, é absoluto e soberano e merece a nossa atenção e respeito. Meditar com regularidade, de fato, nos faz reconhecer as nossas lutas contra o universo, nas tentativas de mudança de prazo; move-nos em direção a consciência atemporal, que se caracteriza por intensa presença, criatividade, imaginação e sentimento de infinitas possibilidades. E, ao passo que a Meditação faz o seu praticante vivenciar o momento presente, ela contribui para que haja o descolamento do passado, que não pode operar mais.
Assim, sempre é tempo de repensar sobre os recursos próprios e sobre as metas que são alcançáveis, para que não criemos sofrimentos desnecessários; é importante identificar os problemas e atentar ao discurso mental; a autoajuda "assistida" é bem-vinda, isto é, o apoio psicológico e as conexões com os entes queridos, mas primeiramente, deve haver uma disponibilidade, permissão e aceitação do momento.
Passar mais tempo consigo mesmo, através da prática do Yoga e da Meditação, pode ser um caminho surpreendentemente prazeroso, poderosas ferramentas que são, de mudar a maneira de ver e pensar a vida.
Texto de pesquisa: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452002000100007, Alterações neuropsicológicas associadas à depressão (Porto et al) Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.4 no.1 São Paulo jun. 2002, ISSN 1517-5545.
Claudia B., c.pilatesyoga@gmail.com
Pós-Graduação: Método Pilates – Fisioterapia Esportiva/ Certificação: Yoga – Treinamento Funcional – Treino em Suspensão