Os Oito Membros do Yoga - Parte I
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Criada inicialmente como uma escola espiritual, o Yoga teve toda a sua filosofia extraída dos vastos ensinamentos dos Vedas, um grande corpo de textos religiosos, divididos em quatro obras, compostos no idioma sânscrito vêdico, que submetem o mundo fenomenal à condição de um único ser.
Em certo momento, no entanto, essa "escola da vida", percebeu a necessidade de ampliar o seu campo de atuação, abrangendo o corpo físico através de práticas específicas, uma vez que o corpo e a mente - nobre veículo e gerenciador das nossas ações, respectivamente, serviriam de base de operação no mundo material, sítio de toda evolução possível. Assim, através da disciplina dos exercícios e das posturas com efeitos psicofísicos, a prática do Yoga é considerada uma meditação em ação, nos tornando seres mais sensíveis ao ambiente, enquanto observadores dos nossos próprios comportamentos - sincronia do nosso ser físico, mental e emocional com o mundo material.
Como um guia, para que evitassemos o desperdício de energia e aumentassemos a clareza mental, tanto nas práticas físicas quanto na vida, Patañjali*, em seu Yoga Sutras, descreveu oito passos ou membros para viver uma vida com sentido e propósito - o caminho óctuplo, Aṣṭāṅga अष्टांग , comumente denominado no ocidente com Ashtanga ("ashta" = oito, "anga" = membro), essencialmente necessários à saúde, evolução da alma e liberação do nosso ser.
O mapeamento e divisão desses oito passos ainda se subdividiria em dois, sendo que os quatro primeiros passos seriam considerados como práticas externas ou preparatórias: os Yamas (observâncias sociais) e os Niyamas (observâncias pessoais) que, quando combinados aos Asanas (prática de posturas) e aos Prāṇāyāmas (técnicas de respiração), ofereceriam à mente e aos sentido, um estado de atenção estável. E, somente diante desse movimento bem estabelecido é que estaríamos prontos para contemplar os outros quatro passos, conjunto que Patañjali denominou Samyama, compostos por estados meditativos mais elevados: Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi.
* Patañjali é considerado um dos mais importantes autores da linguagem sânscrita, pois foi o compilador e sistematizador de uma série de informações dispersas sobre a prática do Yoga. O tratado foi apresentado em 196 aforismos e intitulado de Yoga Sutras (sutras - सुत्रास, que significa fios, simboliza a trama e o urdume que formam o tecido pronto).
Embora tenha sido objeto de diversas traduções ao longo do tempo, não há dúvidas que o Yoga Sutras foi especialmente elaborado para reforçar a eminente necessidade de trilharmos um caminho de compreensão de si mesmo, tendo como norte a espiritualidade e como princípios os sentimentos de contentamento, harmonia interior e respeito por toda forma de criação.
Imagem: Yoga statues in New Delhi Airport Terminal 3.
Claudia B. – c.pilatesyoga@gmail.com / http://cpilatesyoga.wixsite.com/proatitude
Pós-Graduação: Método Pilates / Fisioterapia Esportiva – Certificação: Yoga / Treinamento Funcional / Treino em Suspensão