Uma Visão do Ciclismo
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Uma Visão do Ciclismo
O fortalecimento das paredes abdominais pode beneficiar muito aos praticantes de ciclismo, sejam eles competitivos, recreacionais ou mesmo aqueles que utilizam as bicicletas estacionárias, como um instrumento de treino.
Frente ao esporte, mesmo as pessoas acostumadas à prática de atividades físicas, não estão livres de sofrer lesões e distúrbios osteomusculares. Ao sentarmos em um selim, é comum a adoção de posturas inadequadas, ou mesmo, expressarmos vícios posturais.
A primeira atenção, portanto, deve ser em relação à adequação do praticante à bicicleta, o que permitirá um melhor desempenho biomecânico e consumo de oxigênio.
A literatura pode dar detalhes precisos sobre os graus de angulação de cada articulação envolvida, mas em um aspecto geral, o praticante deve atentar para: em pé do lado da bicicleta, o assento (selim) deve estar na altura do quadril e o seu ângulo de inclinação deve ser levado em conta, uma vez que afeta a sobrecarga na região lombar e amplitude de movimento dos membros inferiores; a altura do guidom deve permitir o alinhamento da coluna, o que em geral é favorecido com leve inclinação do mesmo, à frente; a cabeça, os ombros e os braços devem permanecer relaxados, evitando a sobrecarga nas articulações e ligamentos dos cotovelos e punhos e dedos; os pedais devem permitir a semi-extensão dos quadris e joelhos, a fim de durante a movimentação das pernas, não haver o risco do excesso de atrito e compressão e cisalhamento na articulação femoro-patelar, podendo levar aà tendinite do quadríceps e inflamação do ligamento patelar.
Durante a prática do esporte, é comum observar a pélvis em retroversão (vide Figura A), com consequente inversão da lordose lombar, somada à ênfase da lordose na coluna cervical, com o sofrimento para todo o tronco superior. Assim, não é de estranhar que as queixas mais comuns dos ciclistas são as dores lombares, devido aos esforços do esporte serem feitos com a inversão da lordose natural. Outra articulação comumente afetada é a do ombro, devido ao posicionamento do tronco, com o excesso de tensionamento da região, podendo resultar em bursite subcromial, tendinite do manguito rotador e disfunções osteomusculares, que podem levar à síndrome do impacto. Devido ao posicionamento da cabeça, que é mantida em excessiva e insistente extensão em virtude do apoio das mãos do guidom, os músculos responsáveis pela estabilização das escápulas e trapézio entram em sofrimento, podendo causar também dores e contraturas no pescoço.
Dessa forma, a pélvis deve permanecer o mais próximo da neutralidade possível (vide Figura B) com o abdomen, contraído, em sustentação à coluna, evitando-se o gingado lateral, o que poderia ocasionar excesso de atrito e lesões na articulação femoro-acetabular ou mesmo subluxação nas articulações sacroilíacas. Portanto, o treino complementar constante para o reforço dos grupos musculares que suportam a coluna lombar, iliocostais e multífidos e, assim, o fortalecimento do abdômen, é primordial.
O alongamento dos flexores de quadril, antes e após a prática do treino, é fundamental.
As quedas devem ser devidamente tratadas, uma vez que há o risco do deslocamento parcial entre as superfícies articulares.
Imagem: sportbulletin.com
Claudia B., c.pilatesyoga@gmail.com
Pós-Graduação: Método Pilates – Fisioterapia Esportiva/ Certificação: Yoga – Treinamento Funcional – Treino em Suspensão