Bandhas
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Para o Yoga, as práticas físicas podem ser usadas para despertar e acelerar o crescimento espiritual e alcançar um nível mais elevado de chitta (consciência) sobre si, observando suas próprias limitações, determinação, disciplina e, principalmente, força de vontade ou força propulsora de toda a modificação.
Ao identificar algumas das resistências para se atingir esss estado de domínio, os antigos yogis começaram a trabalhar com bandhas para criar um poderoso instrumento de pressão interna e redirecionamento das forças.
Em um dos textos sobre as práticas, o Hatha Yoga Pradipika, as técnicas chamadas bandhas e mudras (fechaduras físicas e gestos) têm como fim vedar, redirecionar e, finalmente, interromper o fluxo de prana (força ou energia vital). Estas fechaduras têm um efeito sobre o corpo físico, bem como sobre o corpo mais sutil. O objetivo aqui é evitar a identificação com pensamentos totalmente desnecessários. Dessa forma, o praticante do Yoga começa a despertar a sua consciência para o fato de, ao invés lutar diretamente com a mente, ele deve focar no seu padrão respiratório (pranayama) e nos bandha (fechaduras).
De acordo com o texto clássico de hatha yoga Gherandha Samhita, os três bandhas a serem praticados são: Jalandhara Bandha ou o bloqueio de prana na garganta, trazendo o queixo para o sternum; Uddiyana Bandha ou o bloqueio de prana na altura abdominal, contração da parte superior do abdômen; Mula Bandha, ou a trava da raiz, contração e elevação da musculatura perineal.
O Jalandhara Bandha comprime os seios da carótida, que estão localizados nas artérias carótidas, as principais no pescoço. Estes seios ajudam a regular os sistemas circulatório e respiratório. Ao exercer pressão artificial sobre esses seios, a freqüência cardíaca diminui. Em um nível mais sutil, o bloqueio do queixo, estimula o fluxo ascendente de energia, que ventila a mente, tornando-a mais ativa.
No Uddiyana Bandha, o alvo do bloqueio abdominal é o músculo diafragma, o principal responsável pelo fluxo para cima da respiração. Quando aplicada a retenção externa do ar, este bandha proporciona ao diafragma um estiramento horizontal, sendo eficaz na liberação do mesmo que, quando encurtado, pode resultar num padrão de respiração torácica. A respiração torácica implica na constante ativação do sistema nervoso simpático, colocando a pessoa no modo de alerta constante. Assim, alongar o diafragma horizontalmente ajuda a quebrar este padrão respiratório e permitindo maior expansão da caixa torácica, aumentando a capacidade de respirar profundamente. Em um nível mais sutil, o bloqueio abdominal fortalece o fogo digestivo.
Por fim, o Mula Bandha tonifica o diafragma pélvico, ou seja, a musculatura que suporta os órgãos e as estruturas internas da cavidade pélvica. Manter esse tônus é crucial na saúde desses órgãos, especialmente à medida que envelhecemos. Em um nível sutil, este bandha interrompe o fluxo descendente de energia e desempenha um papel importante no despertar da energia dormente, situada na base da coluna vertebral. Esse despertar provoca o seu redirecionamento, antes disperso por todo o corpo, para o canal energético principal chamado sushumna, beneficiando não só o sistema de chakras, mas o desbloqueio deste canal que auxilia no despertar da consciência.
Claudia B., c.pilatesyoga@gmail.com
Pós-Graduação: Método Pilates – Fisioterapia Esportiva/ Certificação: Yoga – Treinamento Funcional – Treino em Suspensão