Postura I

Na aula deste último sábado, eu comentava com alguns alunos sobre o quanto hábitos posturais e padrões de movimentos influenciam no remodelamento da arquitetura óssea e muscular, podendo alterar positiva ou negativamente toda a nossa imagem corporal. Qualquer comportamento que se torne um hábito ou padrão, exacerbará as alterações.

Observem na figura: quanto menor for o ângulo pélvico, maior será a pressão exercida nos discos intervertebrais "lombares", entretanto todo o trajeto da coluna está sujeito aos efeitos. Como permanecermos sentados por longos períodos de tempo, pois a maior parte das atividades se concentra diante de telas ou dentro de automóveis, as distorções posturais são reforçadas rapidamente.

Assim, lidar com a nossa postura ao longo do tempo e com os hábitos da vida atual é uma tarefa complexa e que demanda constante atenção e dedicação. Em geral, diante de um computador, nos inclinamos muito para frente e/ou a colocamos em uma situação de torção. Com a recorrência, podem ocorrer desajustes progressivos na orientação das superfícies articulares e possíveis lesões locais, como o "colapso" e perda na estabilidade das articulações do quadril, a compressão do nervo obturatório e/ou nervos periféricos (responsáveis pela função motora e sensorial dos membros inferiores e funções fisiológicas e sexuais) e outras doenças do quadril. Em acréscimo, em geral, é a partir da pélvis que se inicia a cascata de eventos: fadiga e desequilíbrios musculares, rotações excessivas de coluna, escolioses, desconfortos insidiosos, mais desequilíbrios musculares e, por fim, o despontar de um cenário inflamatório, com franco potencial para dores crônicas, degenerações e estresse acentuado para todo o organismo.

A postura desleixada, quando a postura da coluna torácica colapsa, também pode possibilitar uma disfunção diafragmática, advinda do comprometimento da força muscular e da pressão intra-abdominal e do funcionamento da musculatura expiratória, podendo levar a distúrbios ventilatórios e circulatórios.

As lombalgias, citolombalgias, discopatias e tantas outras disfunções, também apresentam relação com esses períodos prolongados na postura sentada, devido ao desabamento e arqueamento ósseo, que desalinham as vértebras e expõe os discos intervertebrais a rompimentos e as raízes nervosas à compressão, com consequente estreitamento dos canais, diminuição do estimulo elétrico e circulatório.

Dessa forma, muitas vezes os tecidos já se encontram feridos de forma indelével, fruto de diversas distorções, que podem até ter origem congênita, mas que em geral, advém das tentativas do organismo em se adaptar a vícios posturais e comportamentais.

Como muitas das alterações surgem com o passar dos anos, a intervenção prévia, torna-se primordial. A execução de exercícios físicos que priorizem o equilíbrio postural será fundamental.

Fundamental ainda, é a observação dos pais durante o processo de crescimento, pois além da saúde e preservação da integridade dos tecidos, repito que precisamos considerar que uma estética equilibrada na idade adulta, resultará diretamente da harmonia, equilíbrio e condicionamento muscular e do bom alinhamento articular, fatores considerados pelo organismo no seu funcionamento e em sua contínua reorganização e reformulação celular.

Continuaremos no próximo texto...

Imagem: www.spinecareindia.inrecovering

Claudia B., c.pilatesyoga@gmail.com

Pós-Graduação: Método Pilates – Fisioterapia Esportiva/ Certificação: Yoga – Treinamento Funcional – Treino em Suspensão