Os Nossos Pés II
- Claudia B.
- Nov 15, 2019
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Nossos padrões de movimento são tão únicos e personalizados, quanto a nossa assinatura, as nossas digitais e a íris de nossos olhos. Sendo assim, já estão sendo considerados como o mais fiel filtro para identificação. E, a nossa eficiência metabólica, nível de fadiga e, mesmo, o risco de lesões, também advém desses padrões.
Intrinsicamente vinculados a isso, os pés que efetivamente originam o nosso deslocamento, são responsáveis pelo suporte do peso do corpo e amortecimento de impactos aos membros inferiores, quadris, cintura pélvica e coluna.Contendo 26 ossos, 33 articulações, 19 músculos e 57 ligamentos, o pé é uma das poucas peças anatômicas que podem competir com a mão, em termos de complexidade.
Além disso, as terminações nervosas nos pés - receptores contidos nos músculos e os receptores de pressão sob a pele - funcionam como informantes sensoriais e, exercem o papel de receberem as modificações proprioceptivas, os movimentos da marcha, o tipo de deslocamento, as desigualdades do solo e de enviarem essas informações ao centro de gravidade do corpo, região que possui a mais significativa atuação sobre a regulação da postura.
Assim, vale a pena voltarmos a falar sobre as características dos nossos sapatos. Mesmo as sapatilhas femininas e as sandálias rasteiras unissex, famosas pelo conforto e praticidade no dia a dia, também têm as suas restrições. Isso porque, além de bem ajustados, os calçados devem oferecer segurança e não fazer com que os pés se esforcem para segurá-los, o que pode resultar em pés rígidos e fascite plantar (fibromatose ou inflamação da estrutura fibrosa espessa na sola do pé, que pode causar dor e dificuldade para caminhar), encurtamento de isquiotibiais, além de dores generalizadas nas costas. Em acréscimo, devemos observar se o calçado oferece suporte para o arco medial, para adequado amortecimento ao impacto durante o passo, evitando a sobrecarga e desgaste nas cartilagens de quadril, joelho, coluna e tornozelo.Nesse aspecto, podemos compreender o papel dos arcos plantares que, frente a deformações, modificam toda a morfologia dos pés (forma e configuração do funcionamento), assim como também a posição dos ossos, a função dos músculos, os alinhamentos das articulações e, por fim, as informações apresentadas ao sistema nervoso.
Um fato a ser considerado em modelos fechados é o espaço na região dos dedos, pois a falta comprime os ossos do tarso e metatarso (dedos dos pés e antepé), podendo causar vasoconstrição e problemas circulatórios, tanto local, como também nos membros inferiores e, provocar calos, joanetes e edemas. Caso a pessoa tornar um hábito o uso de calçados com biqueira estreita e, a compressão seja contínua, a mobilidade dos dedos ficará limitada, como simples resultado da condição recorrente, imposta.
Quanto aos sapatos de salto alto, é evidente que o peso do corpo não fica apropriadamente distribuído e que, ao manter o equilíbrio, uma sobrecarga na parte frontal dos pés é imposta, podendo causar desgaste das articulações do joelho, sobrecarrega na angulação dos quadris, alterações nas curvaturas da coluna, além de colocar os tornozelos e panturrilhas em uma posição de encurtamento, criando mais tensão. Alguns estudos defendem que em um mundo ideal, estaríamos todos andando confortavelmente, descalços, diante da constatação de que culturas que usam sapatos rotineiramente, têm maior incidência de deformidades nos pés, assim como problemas posturais e dores.
Diante dessa evidente impossibilidade, vale lembrar que são os nossos pés que nos suportam e nos levam à independência do deslocamento. Assim, parece ser coerente afirmar que, as alterações na base de apoio, inegavelmente provocam um desajuste postural e, em consequência, déficit na capacidade de sustentação e locomoção / postura e marcha.
Um hábito que deveríamos considerar seria iniciar e finalizar cada dia, realizando massagens, alongamentos e movimentos circulares, a fim de ativar a circulação sanguínea, prevenir dores e inchaços e mantê-los flexíveis, prontos para as atividades e desafios.
Claudia B. – c.pilatesyoga@gmail.com / http://cpilatesyoga.wixsite.com/proatitude
Pós-Graduação: Método Pilates / Fisioterapia Esportiva – Certificação: Yoga / Treinamento Funcional / Treino em Suspensão
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